Compostagem
A compostagem é um processo natural de decomposição da matéria orgânica que transforma resíduos de alimentos e outros materiais em um composto rico em nutrientes, conhecido como húmus. Esse processo é realizado por microrganismos como bactérias e fungos, além de pequenos animais, como minhocas e insetos, que se alimentam dos resíduos, acelerando a decomposição. A compostagem pode ser realizada de maneira doméstica, em jardins ou em sistemas maiores, como em fazendas e espaços públicos.
Benefícios da Compostagem
Redução de Resíduos: Compostar resíduos orgânicos reduz significativamente a quantidade de lixo enviado para aterros sanitários. Estima-se que cerca de 50% do volume de lixo doméstico seja composto por materiais orgânicos, como restos de alimentos, cascas de frutas e vegetais, que podem ser transformados em adubo.
Melhora na Qualidade do Solo: O composto gerado pela decomposição dos resíduos orgânicos é um excelente fertilizante natural. Rico em nutrientes como nitrogênio, fósforo e potássio, ele melhora a estrutura do solo, promove a retenção de água e aumenta a atividade biológica do solo, favorecendo o crescimento de plantas saudáveis.
Redução de Emissões de Gases de Efeito Estufa: Quando resíduos orgânicos são enviados para aterros, eles se decompõem anaerobicamente (sem oxigênio), liberando metano, um gás de efeito estufa muito mais potente do que o dióxido de carbono. A compostagem, ao ser realizada em ambiente aeróbico (com oxigênio), não gera metano, contribuindo para a redução das emissões de gases prejudiciais ao clima.
Menos Necessidade de Produtos Químicos: O uso de composto orgânico diminui a dependência de fertilizantes e pesticidas químicos. Isso não só beneficia o meio ambiente, como também resulta em alimentos mais saudáveis e em um solo mais sustentável.
Alimentos e Materiais que Podem Ser Compostados
A compostagem pode ser feita com diversos tipos de resíduos orgânicos encontrados em nossa cozinha e no jardim. Aqui estão alguns exemplos de materiais compostáveis:
Restos de alimentos: Frutas, verduras, cascas de ovos, borra de café, saquinhos de chá.
Resíduos de jardim: Folhas secas, grama cortada, galhos pequenos, flores murchas.
Papel e papelão não laminado: Papel de jornal, caixas de cereais, guardanapos, papel toalha (sem produtos químicos ou gorduras).
Resíduos de cozinha: Cascas de batata, cenoura, cascas de frutas, cascas de legumes, sobras de comida não gordurosa.
Estes materiais, quando compostados adequadamente, ajudam a criar um composto de alta qualidade que pode ser usado no jardim, nas plantas em vasos ou até mesmo para enriquecer o solo de hortas e árvores frutíferas.
O Que Não Pode Ser Compostado
Alguns materiais não devem ser compostados, pois podem atrapalhar o processo de decomposição, liberar substâncias prejudiciais ou atrair animais indesejados. Evite colocar os seguintes itens em sua compostagem:
Carnes, peixes e ossos: Eles podem atrair roedores e animais indesejados e demoram muito tempo para se decompor.
Laticínios e óleos: Alimentos gordurosos, como queijos, leite e óleos, podem dificultar a decomposição e liberar odores desagradáveis.
Resíduos de plantas doentes: Plantas infectadas podem propagar doenças para outras plantas no composto.
Plásticos, metais e vidros: Não são materiais orgânicos e não se decompõem, contaminando o composto.
Resíduos de animais domésticos (fezes de cães e gatos): Podem conter patógenos que não devem ser introduzidos no solo ou em compostos para cultivo de alimentos.
Chorume: O Líquido da Compostagem
O chorume é o líquido resultante da decomposição de resíduos orgânicos na compostagem. Ele se forma quando a matéria orgânica começa a se decompor e soltar umidade, que se acumula no fundo da pilha ou composteira. O chorume contém muitos nutrientes, como nitrogênio, fósforo e potássio, que são benéficos para as plantas, mas em concentrações muito altas, ele pode ser prejudicial.
O chorume deve ser coletado e diluído antes de ser usado nas plantas, caso contrário, pode queimar as raízes e prejudicar o crescimento das plantas. Para usar o chorume de forma segura, recomenda-se diluí-lo em água na proporção de 1 parte de chorume para 10 partes de água. Além disso, é importante evitar o acúmulo excessivo de chorume, o que pode ocorrer se a compostagem não for bem equilibrada, resultando em um processo de decomposição inadequado.
A diferença entre o chorume gerado pelo descarte de resíduos e o chorume da composteira está principalmente em sua origem, composição e impactos ambientais.
Chorume Gerado pelo Descarte de Resíduos
O chorume gerado pelo descarte inadequado de resíduos ocorre quando resíduos sólidos, principalmente orgânicos, são depositados em aterros sanitários ou lixões. Este líquido é produzido pela decomposição dos materiais orgânicos, que liberam substâncias solúveis e líquidas. O chorume gerado em aterros é caracterizado por:
Composição Complexa e Contaminada: O chorume de aterros contém uma grande variedade de substâncias tóxicas e patógenas, incluindo metais pesados, substâncias químicas tóxicas, produtos químicos industriais, restos de medicamentos e outras substâncias poluentes. Esses componentes são prejudiciais ao meio ambiente e à saúde humana.
Impactos Ambientais: Quando não é tratado corretamente, o chorume pode contaminar o solo e os lençóis freáticos, causando sérios problemas ambientais. A presença de substâncias tóxicas no chorume de aterros pode afetar a fauna e a flora locais, bem como impactar a qualidade da água.
Proliferação de Patógenos: Como ele vem de resíduos domésticos e industriais, o chorume de aterros pode conter microrganismos patogênicos que representam risco à saúde, como bactérias e vírus.
Chorume da Composteira
O chorume gerado na compostagem é o líquido resultante da decomposição da matéria orgânica de resíduos de alimentos, folhas e outros materiais vegetais e orgânicos em um ambiente controlado. Quando a decomposição é bem gerenciada, o chorume da composteira tem uma composição bem diferente e pode ser benéfico se utilizado corretamente. Características do chorume da composteira:
Composição Nutritiva: O chorume da compostagem contém nutrientes como nitrogênio, fósforo e potássio, que são benéficos para as plantas. No entanto, em altas concentrações, esses nutrientes podem ser prejudiciais, caso o chorume não seja diluído adequadamente antes de ser aplicado.
Menos Contaminantes: O chorume gerado pela compostagem possui menos contaminantes prejudiciais à saúde humana e ao meio ambiente, desde que a compostagem seja feita corretamente, com a combinação adequada de materiais "verdes" (ricos em nitrogênio) e "marrons" (ricos em carbono), além de cuidados com a aeração e umidade.
Uso no Jardim: O chorume de compostagem pode ser um excelente fertilizante líquido para plantas, quando diluído adequadamente. Ele pode ser usado para enriquecer o solo ou regar plantas, promovendo o crescimento saudável das plantas.
Como Fazer Compostagem em Casa
Se você está interessado em iniciar a compostagem em sua casa, siga estas dicas básicas:
Escolha o local: Se possível, coloque sua composteira em um local arejado e com sombra para evitar o excesso de calor e a proliferação de moscas.
Misture materiais verdes e marrons: Use uma proporção equilibrada de materiais ricos em carbono (como folhas secas e papel) e materiais ricos em nitrogênio (como restos de alimentos e grama cortada).
Aeração: Mexa o material compostado a cada duas semanas para garantir que o oxigênio entre no composto, favorecendo a decomposição aeróbica e evitando odores desagradáveis.
Controle a umidade: O composto deve estar úmido, mas não encharcado. Se estiver muito seco, adicione água; se estiver muito úmido, adicione materiais secos como folhas secas ou papel.
Com essas práticas simples, você pode contribuir para a redução de resíduos, enriquecer o solo do seu jardim e ajudar no combate às mudanças climáticas.
Referências
Cavanagh, M., & Donovan, B. (2014). Worms at work: The composting revolution. Nature Press.
McDonald, A. (2016). The Science of Composting. Springer.
Siedl, M. (2018). The composting process: Microbial and environmental considerations. Environmental Sustainability, 14(2), 212-230.